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A expressão “tão longe e tão perto” aplica-se propriamente quando se trata dos nosso vizinhos, os portugueses. Companheiros do chamado “Século de Ouro”, a cavalo entre os séculos XVI e XVII, as relações entre os dois países estreitaram-se há aproximadamente quarenta anos, quando o fim da ditadura de Salazar (a famosa “revolução dos cravos”) quis ser um modelo para o que se passava no nosso país, com um regime franquista agonizante. A sua capital, Lisboa, é a sua maior cidade, com mais de meio milhão de habitantes e um PIB per capita superior à média europeia.
“Quando se é presidente da câmara, é-se vinte e quatro horas por dia. E não importa que seja um município grande ou pequeno. Se a política surge por vocação, como no meu caso, está-se constantemente a pensar naquilo que pode fazer para melhorar”
“Lisboa é hoje uma cidade cosmopolita, uma grande capital intercultural, aberta e tolerante, com uma oferta cultural múltipla, que tem sabido aproveitar o seu notável património para vendê-lo da melhor maneira possível”
“Queremos que todos desfrutam da cidade como algo próprio, algo seu. E que, além disso, haja qualidade. Será isto que levará os cidadãos a voltar a acreditar numa cidade da qual podem estar muito orgulhosos de pertencer”
É um filho da Revolução dos Cravos, e portanto suponho que a sua vocação política terá nascido naquela altura.
Sim, os meus pais, e muitos os seus amigos, eram pessoas que tinham uma consciência política, mesmo antes do 25 de Abril do 74, a data do levantamento militar que acabou com a ditadura salazarista. Depois da revolução, e ainda um jovem adolescente, envolvi-me na política através da Juventude Socialista, onde me inscrevi aos 14 anos. Eram, sem dúvida, outros tempos, mas sim, a política fez sempre parte integrante da minha vida.
E que mudanças teve Lisboa desde 1.974?
Creio que foram muitas. E não apenas alterações políticas mas também mudanças de mentalidade, alterações substanciais, que forem influenciados por tudo o que se passou no país durante aqueles anos. Acho que Lisboa é hoje uma cidade cosmopolita, uma grande capital intercultural, aberta e tolerante, com uma oferta cultural múltipla, que tem sabido aproveitar o seu notável património para vendê-lo da melhor maneira possível. Temos muito em conta o nosso passado, e pertencemos a uma cidade que preserva a sua História, e está muito orgulhosa dela, mas que também olha para o futuro.
Bem, e como é o dia-a-dia do Presidente da Câmara Municipal duma cidade como Lisboa?
Quando se é presidente da câmara, é-se vinte e quatro horas por dia. E não importa que seja um município grande ou pequeno. Se a política surge por vocação, como no meu caso, está-se constantemente a pensar naquilo que pode fazer para melhorar o que se encontra no sob a sua responsabilidade. No meu caso pessoal, não exagero se lhe disser que o dia deveria ser desdobrado em dois para poder fazer todo o trabalho que há por fazer.
Não me diga!
Sim, porque além da representação institucional, que quiçá seja a que mais se vê, não nos podemos esquecer tudo o que há por detrás. No meu caso, trata-se de reunir-me com os vereadores e com os responsáveis dos departamentos para avançar com os assuntos em curso nas mais diversas áreas. E não é só isto. Também se tem que contactar com as pessoas nos diversos bairros da cidade para poder saber o que pensam e quais são as suas necessidades. Mas um presidente de câmara não é uma figura que esteja apenas reunida com outros políticos, porque se apenas falar com estes, algo de essencial se perde, a faculdade de chegar a todos, pelo que deve esforçar-se o que entender o sentimento da rua, para que não perca o contacto com a realidade.
Portanto, não estamos apenas a falar de infra-estruturas?
Não, claro que não. É um todo. Há diferentes responsáveis de cada área, mas quem tem sempre de dar a cara é o presidente da câmara. É a ele que, em último caso, cabe a responsabilidade de tudo o que se realiza numa cidade. Assim, como compreenderá, o meu dia-a-dia é sempre muito repleto, e no meu caso, não me posso queixar de ter muito tempo livre…
Suponho, pois, que não lhe deve sobrar mais tempo para ocupar outros cargos institucionais.
Não, na realidade, não. A minha principal actividade é a de ser presidente da câmara, que é uma tarefa muito absorvente, tal como lhe digo. Bem, também desempenho um cargo no partido, porque como político também tenho deveres perante o partido a que pertenço, mas, neste momento, a minha prioridade absoluta é a câmara.
E, falando de prioridades, qual é a sua?
A prioridade deste mandato tem sido a de reequilibrar as finanças da CML, que encontrámos muito depauperadas. E, paralelamente a esta actuação, restaurar a credibilidade duma instituição a qual, nos últimos anos, por esta ou aquela razão, tinha sido bastante atingida. Creio que conseguimo-lo, voltámos a por a casa em ordem. Uma vez atingido este objectivo, podemos agora investir na cidade para potenciá-la ainda mais.
Conte-nos mais…
Bom, creio que o principal objectivo estratégico para a cidade de Lisboa, e isto é algo que comentámos em diversas ocasiões, é tentar recuperar a população que se foi perdendo ao longo dos últimos trinta anos. Queremos inverter esta tendência e fazer com que Lisboa seja grande, não apenas em recursos e em termos de infra-estruturas, mas também em população.
Bom!
E nesse sentido, há três áreas às quais atribuímos una importância máxima. Uma delas, cremos que essencial, é a educação. Queremos proporcionar aos casais jovens una escola de qualidade para os seus filhos, para que o ensino, esse pilar básico da nossa sociedade, esteja consolidado.
A segunda?
A reabilitação urbana da zona histórica da capital. Queremos que seja um lugar não apenas turístico, mas que também aumente a oferta de casas para que haja movimento, haja bulício, e que a tradição não esteja em oposição com a modernidade.
E a terceira?
Ligado com este segundo aspecto está a melhoria do espaço público. Queremos que todos desfrutem da cidade como algo próprio, algo seu. E que, além disso, haja qualidade. Será isto que levará os cidadãos a voltar a acreditar numa cidade da qual podem estar muito orgulhosos de pertencer.